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No quesito valor exportado, o RN operou o envio de US$ 67,1 mi para os EUA no 1º semestre | Foto:divulgação |
A partir de 1º de agosto, entra em vigor a nova medida anunciada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, que impõe uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil. O Rio Grande do Norte será um dos estados mais afetados pela nova política comercial. No primeiro semestre de 2025, as exportações potiguares para os Estados Unidos somaram US$ 67,1 milhões, o que corresponde a 15,3% do total exportado pelo estado, colocando-o como o quinto mais impactado do país nesse cenário.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Ceará lidera o ranking de estados com maior dependência do mercado americano, com 51,9% de suas exportações destinadas aos EUA. Espírito Santo (33,9%), Sergipe (31,4%) e São Paulo (19,5%) também ocupam as primeiras posições.
Para o economista Helder Cavalcanti, a medida representa um duro golpe em setores estratégicos da economia potiguar. “As exportações vêm em ritmo crescente nos últimos anos. Essa taxação interrompe um ciclo positivo e pode gerar perdas significativas para a cadeia produtiva local”, analisa.
Entre os principais produtos enviados pelo RN ao mercado norte-americano estão os derivados de petróleo, com US$ 24,3 milhões comercializados no semestre. Na sequência, aparecem os peixes frescos ou refrigerados (US$ 11,5 milhões), produtos de origem animal (US$ 10,3 milhões), pedras de cantaria (US$ 4,3 milhões) e produtos de confeitaria sem cacau (US$ 4,1 milhões), conforme levantamento do Observatório Mais RN, da Federação das Indústrias do RN (Fiern), com base na plataforma Comex Stat.
A Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP) projeta perdas de mais de US$ 20 milhões por ano (cerca de R$ 111 milhões) para os exportadores de derivados de petróleo potiguares. O gerente-executivo da entidade, Lucas Mota, aponta que, apesar de não inviabilizar totalmente as vendas, a tarifa torna os produtos locais menos competitivos. “O petróleo potiguar enfrentará dificuldades para competir com fornecedores globais. O custo extra impacta diretamente na atratividade comercial”, afirma.
No setor pesqueiro, o Sindicato da Pesca do RN (Sindipesca) estima que as perdas com exportações de atum congelado possam chegar a US$ 50 milhões por ano, o equivalente a R$ 280 milhões. Segundo o presidente da entidade, Arimar Filho, os embarques para os EUA já enfrentam paralisações diante da incerteza gerada pela medida.
Apesar do cenário adverso, representantes do setor produtivo potiguar apostam na diversificação de mercados. Helder Cavalcanti defende a busca por alternativas comerciais no BRICS e em outras economias emergentes. “Há oportunidades no Sudeste Asiático, na China e na Índia. O desafio será adaptar a logística e firmar novas negociações comerciais”, diz.
Diante do risco de perdas econômicas e de empregos, o Governo do RN, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, vem atuando para que o estado participe das discussões nacionais sobre a medida. Uma carta conjunta com entidades do setor produtivo foi enviada ao governo federal, com o objetivo de incluir o RN nas tratativas internacionais.
Roberto Serquiz, presidente da Fiern, alerta para a gravidade da situação. Segundo ele, os produtos potiguares vendidos aos EUA representam aproximadamente 10% do PIB industrial do estado. “Estamos dialogando com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com parceiros nos EUA para tentar minimizar os efeitos dessa medida. A preocupação é grande, especialmente pelos impactos no emprego e na renda da população”, declarou.
Participação dos EUA nas exportações estaduais (1º semestre/2025)*
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Ceará – 51,9%
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Espírito Santo – 33,9%
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Sergipe – 31,4%
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São Paulo – 19,5%
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Rio Grande do Norte – 15,3%
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Rio de Janeiro – 15%
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Santa Catarina – 14,5%
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Paraíba – 12,4%
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Minas Gerais – 11,6%
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Rio Grande do Sul – 10,2%
*Fonte: Comex Stat / MDIC