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26 dezembro 2025
TCE aponta: Parnamirim está entre as cidades que mais gastaram com festas em 2025
Parnamirim vive um paradoxo difícil de explicar. Durante todo o início da gestão, a prefeita Professora Nilda afirmou, em diversas ocasiões, que o município atravessaria um ano extremamente difícil em razão de um suposto “rombo” deixado pela gestão anterior. O discurso era de crise, contenção de gastos e sacrifícios. Mas quando se observa os números oficiais do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Norte (TCE/RN), especialmente no Painel Festejos, a realidade parece bem diferente do que foi anunciado.
De acordo com os dados do TCE, Parnamirim figura como a terceira cidade que mais gastou com festas em todo o estado em 2025, com mais de R$ 9 milhões gastos apenas com cachês artísticos. Apenas cachês. Esse detalhe é importante, porque o valor divulgado não inclui os custos com estrutura, como palco, som, iluminação, painéis de LED, geradores, camarins, segurança, brigadistas, logística e produção. Ou seja, o gasto real com eventos é, sem dúvida, muito maior.
E chama ainda mais atenção quando se observa que esses números sequer estão completos. Artistas que se apresentaram recentemente, como Geraldo Azevedo e Elba Ramalho, por exemplo, ainda não constam integralmente no painel. O que reforça uma sensação incômoda: se existe mesmo uma crise financeira, ela aparentemente não chega ao palco.
Não se trata, aqui, de ser contra eventos. Muito pelo contrário. Evento é cultura, é lazer, movimenta a economia local e leva alegria à população. A cidade precisa, sim, de festas. O problema não é fazer eventos é fazer eventos sem responsabilidade financeira. Em um cenário de alegada dificuldade orçamentária, gastar valores exorbitantes apenas com cachês soa, no mínimo, contraditório.
Enquanto milhões são destinados para festas, a população continua enfrentando problemas na saúde, na educação, na infraestrutura dos bairros, na iluminação pública e na mobilidade urbana. Falta dinheiro para o básico, mas sobra para o show. A conta não fecha.
Os dados são públicos, oficiais e extraídos do próprio Tribunal de Contas. Cabe agora à gestão explicar quais são, de fato, suas prioridades. Porque quem olha de fora fica com a impressão de que o “rombo” existe mas só quando convém.
