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14 agosto 2025

Brasil registra 1º caso de câncer raro e agressivo associado ao uso de silicone


O Brasil registrou o primeiro caso de carcinoma espinocelular, um tipo extremamente raro e agressivo de câncer de mama associado a implantes de silicone. Desde que foi descrito pela primeira vez, em 1992, apenas 20 mulheres no mundo foram diagnosticadas com a doença.

O caso brasileiro foi relatado por uma equipe coordenada pelo mastologista Idam de Oliveira Junior, do Hospital de Amor, em Barretos (SP), e publicado no Annals of Surgical Oncology no dia 23 de julho. Além de descrever a ocorrência, o estudo propõe um método inédito para padronizar o estadiamento e o tratamento do tumor, geralmente associado ao uso prolongado das próteses sem a substituição recomendada.

Segundo Idam de Oliveira Junior, devido ao número reduzido de registros, os fatores de risco ainda são desconhecidos. “Estamos diante de uma doença de comportamento agressivo. O diagnóstico precoce permite um tratamento mais eficiente, com maior sobrevida para a paciente”, afirmou em comunicado da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).

A paciente brasileira, de 38 anos, tinha implantes desde os 20 anos. Ela procurou atendimento médico após sentir dores e notar aumento do volume em uma das mamas. Exames detectaram acúmulo de líquido ao redor da prótese e alterações na cápsula. A biópsia confirmou o carcinoma. Mesmo após a retirada da prótese e a mastectomia, o tumor retornou, e a paciente faleceu dez meses depois do novo diagnóstico.

O carcinoma espinocelular relacionado a implantes mamários têm prognóstico preocupante. Entre 17 casos analisados por médicos brasileiros, nove tiveram recorrência no primeiro ano e seis morreram em até dois anos. A sobrevida média foi de 15,5 meses, e a sobrevida livre de progressão, de 13,5 meses.

Inflamações crônicas na cápsula do implante podem levar à transformação maligna das células, geralmente identificada pela presença de líquido ao redor da prótese. O estudo aponta que a maioria das metástases atinge pulmões e fígado, e recomenda a mastectomia total para reduzir o risco de recidiva.