
Uma semana após o início do tarifaço dos Estados Unidos às exportações de produtos brasileiros, o setor pesqueiro – um dos atingidos no Rio Grande do Norte – segue estudando formas de contornar a situação. Com menos embarcações no mar, o impacto na produção é certo. Mesmo assim, a comercialização dos peixes trazidos à terra firme ainda está indefinida. No caso do atum, carro-chefe das exportações potiguares no setor, uma das alternativas avaliadas é o comércio com compradores americanos, mesmo com a taxação de 50%.
O presidente do Sindicato da Indústria da Pesca do Rio Grande do Norte (Sindipesca-RN), Arimar França Filho, afirmou que os importadores dos Estados Unidos estão insatisfeitos com o tarifaço. “Eles estão revoltados com lá e nós estamos tentando um meio termo para continuar vendendo”, disse o representante do setor.
De acordo com o Sindipesca, de 33 embarcações que vão ao mar para pesca do atum no estado, só oito saíram da última vez – cerca de 25%. A tripulação fica em alto mar por, aproximadamente 20 dias, e depois retornam com os peixes. Conforme a previsão, as embarcações que saíram no fim do mês passado, devem voltar a partir da próxima segunda-feira (18).
“A gente está analisando todas as alternativas, mas o mercado local não consegue absorver o preço. O custo de produção desse produto, apesar dele ter baixo valor agregado, há um alto valor de qualidade”, disse o presidente do Sindipesca. “Esse atum nosso é pescado para a culinária japonesa. Não tem como botar ele para os presídios ou para a merenda escolar”, exemplificou.
Segundo a entidade, 80% da produção do atum era exportada para os Estados Unidos antes do tarifaço, representando cerca de US$ 50 milhões por ano. No momento, as exportações para os EUA estão suspensas. A última carga de atum enviada para os americanos ocorreu no mês passado.
O cenário de incerteza também preocupa a manutenção dos empregos no setor. Demissões não foram feitas “por enquanto”, segundo Arimar França Filho. “Tem muita gente de férias, e nós vamos definir nos próximos meses”, afirmou ele.
Socorro ao setor
Nesta quarta-feira (13), o Governo Federal apresentou a primeira parte do pacote de medidas para socorrer empresas afetadas pela cobrança de uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros nos Estados Unidos.
A principal medida anunciada foi a criação de uma linha de crédito de R$ 30 bilhões para auxiliar empresas impactadas pelo tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O acesso às linhas estará condicionado à manutenção do número de empregos.
O presidente do Sindipesca afirmou que o setor está avaliando as medidas anunciadas em âmbito federal, ao mesmo tempo que já iniciou tratativas com o governo local. “A gente está aguardando. Foi feita uma liberação de crédito [pelo Governo do RN] para quem tinha crédito, mas são poucas empresas que tem crédito represado de ICMS. E a gente protocolou um documento pedindo a isenção do comércio de pescado e do óleo diesel para as embarcações”, detalhou França Filho.